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January 06, 2010

Um devaneio ao luar do nordeste....

Já era bem cedo, meu pai já havia levantado e preparado tudo para aquela viagem, levantei antes mesmo que ele pudesse adentrar ao meu quarto junto com meus irmãos, e já com aquela expressão de autoridade me acordar! Expressão essa que Deus lhe havia concedido! Sim! Pois ele era o meu pai, e os nossos pais, possuem essa missão! Nos ensinar algo, mesmo que seja na base da obediência.
Naquela época era assim! Os homens eram criados na base do porrete, e ser homem, já era obrigação logo cedo...Quase que até mesmo, iniciada no berço!
Corri até onde ficavam os cavalos, burros e jegues! Todos já estavam prontos...Para aquela que parecia ser pelos moldes que já se formavam naquele momento, uma das mais longas jornadas.
Meus irmãos, também para evitar uma peia logo cedo, todos, já estavam em pé, mesmo parecendo que suas almas ainda dormiam aquele sono profundo da madrugada! Sim! Parece que nossos corpos se acostumam com a dormida deste momento! No momento em que a obrigação possue poder maior que o descanso, era assim, dessa maneira, que corríamos para a lida! Do jeito como nosso pai já nos tinha ensinado!
Fui tomar um café e um copo de leite, eu era o responsavel pela retirada do leite logo cedo ,ordenha, desta forma, não podia falhar com todos que estavam ali esperando, talvez esperando aquele que poderia ser o único alimento daquele longo dia que já havia começado!
Embora, meus netos não poderiam enteder tanto sacrifício para um jovem homem! Eu já velho, e com setenta e três anos de idade, sinto muitas saudades daquele tempo!
O meu pai era um homem alto, forte, cabelos louros e olhos azuis, um verdadeiro imigrante europeu! E ele realmente era! Um descendente holandês que havia parado por ali, ali no nordeste do Brasil! Não sei como ele ficou nessa terra do norte! Bem! Naquele tempo havia muitas áreas verdes no nordeste! Nossa Mata Atlântica era bem extensa e enorme!
Depois, com tudo já arrumado, levantamos viagem e começamos nossa jornada de quatro ou cinco dias, muitas vezes, não eram mais que dois dias inteiros, mas naquela época, momentos de vacas magras, necessitamos adentrar ainda mais para à caatinga, e correr por dentro das enormes áreas que pareciam nunca acabar, e que me faziam indagar perguntas para eu mesmo! Como alguém poderia ser dono de tudo aquilo? Por que Deus fêz tudo isso? Relamente, não saberia responder essas questões!
Ao final do primeiro dia, conseguimos acampanhar em lugar agradavel e à luz brilhante da Lua, que naquele momento parecia até mesmo o próprio sol! Era um momento único, realmente ficar ao luar do nordeste nessa época do ano nos provocava um verdadeiro devaneio!
Seguimos em frente e nossa missão até aquele momento parecia um verdadeiro passeio, nunca havíamos passado por momentos calmos e tranquilos! Bem! Até então, era esse o cenário daquele momento, não imaginava o que haveria de passar em breve!
No dia seguinte, um dos cavalos perdera suas ferragens da pata direita, e meu pai, um verdadeiro guerreiro, não gostaria de sacrifício algum, com aquele animal, foi então, nesse momento que minha história começou à mudar! Sim! Aos 13 anos de idade, já tinha que ficar ali naquele mundão sozinho e aguardando o retorno de meu pai, pois ele havia pensado em voltar e buscar um outro animal, substituindo aquele que sofrerá com sua perda de ferraduras! Até hoje não sei por que ele fêz isso!
Lembro-me então que passei naquele lugar, uns dois dias sozinhos, e com a responsabilidade de defender tudo que ali estava, fiquei desesperado no começo! Mas jamais poderia esmorecer! Não havia espaço para dengos, e choros! No nordeste você vira macho rapidamente! Não há espaço para fracos e nem homens meigos!
Durante todos os dias que fiquei ali esperando meu pai e meu outro irmão voltar, com outro animal, e assim continuar nossa missão! Observei sem tréguas, o dia e a noite, e como eles eram desafiadores! Os dias no nordeste do Brasil, são extremamente quentes...Era prudente permanecer com os outros animais, embaixo dos pequenos arbustos e da pobre vegetação! A noite chegava e com ela apenas as luzes das estrelas e da gloriosa Lua! Que me ajudavam a enchergar minhas mãos e pés!
Foi então, que por falta de sabedoria, havia notado que já tinha tomado toda água potável que existia para beber, o que fazer então, se ainda faltava uns dois dias para que meu pai voltasse? Adivinha o que matou minha sede? É amigos, a vida do nordestino não é fácil! Foi ela mesma, a minha própria urina, foi o que me salvou naquele momento!
A noite já estava bem adiantada, Eu com algumas bolhas nos pés e nas mãos, com medo de perder os cabrestos dos animais, passava o tempo todo segurando-os!
Foi então, num desses momentos de nossas vidas, que pude perceber por alguns instantes, que não estava sozinho naquele local! Então! Gritei! Em alto som! Por meu pai! Eles não respondiam! Sim! Exatamente isso! Eles! Hummm!
Chegaram-se mais próximos e sem qualquer manifestação de boas-vindas! Fiquei muito assustado e tremia como uma vara verde!
Já em alguns poucos metros! Um deles ergueu-se do solo! Foi então que pude perceber que eles não eram desse mundo! Três ao todo! Acima do solo uns três ou quatro metros, fiquei tão assustado que desmaiei! Foi ali que pude sentir, um verdadeiro devaneio ao luar do nordeste!
Logo cedo, quando acordei daquele situação mágica, percebi que os animais já estavam novamente prontos para retornar à nossa jornada inicial, mas quem teria sido o autor daquilo tudo, fui chamado pelo meu pai, e ele me elogiou muito, disse-me então, que Eu já era um homem com todas as qualidades de macho! Que havia cuidado de tudo! Com sabedoria e prudência! Os animais e as cargas que eles carregavam em seu potente dorso, estavam ali bem cuidadas e arrumadas!
Fiz apenas uma pergunta para Papai: Em que momento eles haviam chegado? Meu pai soltou um sorriso maroto! Daquele tipo que esses homens já calejados pela vida soltam! E disse sem respirar em uma única fala! Agora cedo meu querido filho! Continuamos nossa cavalgada, cumprimos nossa missão...E até hoje não sei quem eram aqueles que haviam me visitado durante à noite? E que caminhavam acima do chão...

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